domingo, 15 de fevereiro de 2009

Aeroporto de Macapá

Rebuscado e bravo

A jornalista Denise Rothenburg em sua coluna Brasília-DF, no Correio Braziliense de sábado, 14, informa sob o título acima, que a “há quatro meses” o TCU espera receber da Infraero informações sobre o projeto básico do Aeroporto de Macapá, obra embargada por conter indícios de sobre preço de R$ 18 milhões.

O relator do processo, o ministro Benjamin Zymler, enviou em outubro um comunicado à Presidência da República e à Casa Civil informando da “recalcitrância por parte da Infraero em furtar-se a apresentar a adequada documentação”, mas mesmo assim até agora nenhuma informação chegou ao TCU.

Vale lembrar o que escrevi sobre o assunto em 22 de outubro de 2007, sob o título “O patrono da causa”. Eis os trechos que nos interessam:

...Dentre as obras espicaçadas pelo relator uma chama atenção. Está localizada no Brasil distante. No meio do mundo. Um aeroporto que sempre foi desprezado pelas autoridades aeroportuárias, apesar de fazer parte da fronteira do Brasil com a França. Por ali se entrava e saia sem a menor cerimônia. Até a alguns anos nem esteira de raios-X tinha. Tudo em nome de uma de Área de Livre Comércio criada pelo esperto ex-presidente da República, José Sarney, que depois se tornou o “buana” do pedaço, graças à benevolência daquele povo.

Entre 1990 e 2002, uma das promessas do “buana” era dotar o entra em sai pelos céus de Macapá de condições dignas. Nos oito anos de mandarinato de FHC não conseguiu nada. Com a chegada ao poder de Lula, finalmente o ex-presidente Sarney conseguiu realizar o intento e se tornar o patrono da causa, como ilustra em seu discurso do dia 26 de novembro de 2004 o então presidente da Infraero, Carlos Wilson, que saudou o “buana”, durante a solenidade de início das obras com as seguintes palavras:

Poucos dias depois da minha posse na presidência da Infraero, o presidente Lula reiterou-me, diretamente, a importância da construção do novo aeroporto de Macapá e me lembro que ele ainda acrescentou: E temos que fazê-lo rápido.

Pois bem, estamos aqui neste momento assinando a ordem de serviço para a construção do novo Aeroporto Internacional de Macapá. Uma obra que representa um total de investimentos superiores a R$ 113 milhões e que vai gerar mais de 2.400 empregos diretos e indiretos. E que eu tenho certeza, será construída em 30 meses, ou seja, o novo aeroporto estará pronto no final de 2006.

Meu caro senador José Sarney, o novo terminal terá capacidade para atender até 700 mil passageiros por ano. O pátio de aeronaves será ampliado, novas pistas para taxiamento e novo estacionamento de veículos serão construídos. Um novo edifício para o Serviço de Combate a Incêndio e um novo Terminal de Cargas, maior e mais bem equipado fazem parte da obra.

Como sempre fazem os beneméritos, o ex-presidente Sarney trouxe um parceiro para transformar o sonho em realidade. Trouxe a Gautama, de muitas alegrias no Maranhão, para tocar as obras do novo aeroporto de Macapá.

Claro que a Gautama tinha de pagar o pedágio. Como todo bom empreiteiro, reservou um naco dos recursos, segundo a CPI, R$ 52 milhões, para ajudar o patrono da causa a continuar titular do mandato.

Por essas e outras, a Gautama foi pilhada em flagrante pela Polícia Federal na Operação Navalha. Infelizmente o seu patrono, como sempre acontece com os poderosos do país, está livre, leve e solto, com direito a continuar posando de lobo travestido em pele de cordeiro.

Talvez seja pelo padrinho da obra, que o TCU tem tantas dificuldades em finalizar a auditoria nas obras do novo Aeroporto de Macapá. (Chico Bruno).

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