segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Filho de Sarney fora dos trilhos

Lucio Vaz e Edson Luiz

Escuta telefônica feita pela Polícia Federal, com autorização judicial, mostra as relações entre o diretor de Engenharia da Valec (estatal responsável pela construção da Ferrovia Norte-Sul), Ulisses Assad, o empresário Fernando Sarney (foto) e construtores ligados ao grupo que foram beneficiados por subempreitadas na obra. Em 21 de maio deste ano, o empresário Gianfranco Perasso, sócio da Lupama, descreve como transfere seus contratos e cobra o “deságio de subempreitada”. Admite que sua empresa não tem condições “físicas” nem “materiais” para realizar os contratos e explica como os negócios são repassados para terceiros. A Lupama já recebeu uma subempreitada da Constran, no valor de R$ 46,2 milhões, no trecho entre Santa Isabel e Uruaçu, em Goiás.

Reportagem do Correio mostrou ontem que investigações da Polícia Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU) apontam indícios de sobrepreço, fraude em licitações e tráfico de influência na construção da Norte-Sul em Tocantins e Goiás, uma obra de R$ 3 bilhões incluída no Programa de Aceleraçãodo Crescimento (PAC). O TCU aponta um sobrepreço de R$ 516 milhões. Inquérito da PF aponta Ulisses Assad como “homem forte” do grupo na área de licitações da Valec, indicado para o cargo pelo senador José Sarney (PMDB-AP). As escutas telefônicas teriam evidenciado que Ulisses seria “um membro da organização criminosa infiltrado no governo”. O senador disse à reportagem que nem ele nem o filho Fernando se manifestariam sobre o inquérito da PF. Assad também não se pronunciou.

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