quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Nessa casa todo mundo briga

Acompanhando com interesse a guerra na Polícia Federal entre os defensores do delegado Protógenes Queiroz e seus adversários? Pois esta não é a principal disputa: há outra mais discreta, e mais importante, que envolve a Presidência do Senado e em que a cabeça a prêmio é a do ministro da Justiça, Tarso Genro.

A Polícia Federal investiga, há cerca de dois anos, o empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney, do PMDB, fiel aliado do presidente Lula. O problema explodiu quando se atribuiu à Polícia Federal a intenção de invadir a casa dos Sarney na ilha de Curupu, no Maranhão, para prender Fernando e outros parentes e amigos investigados, e constranger o próprio senador Sarney. Sarney falou com o presidente Lula, em audiências pessoais, por dois dias seguidos; acusou o ministro Tarso Genro de persegui-lo; e pediu sua substituição.

O caso envolve a Presidência do Senado. O PT gostaria de eleger Tião Viana, mas não o conseguirá sem o apoio de Sarney (além do que, pela praxe congressual, a maior bancada elege o presidente – e a maior bancada é a do PMDB, fiel a Sarney). Envolve também a base parlamentar governista: sem o PMDB, Lula fica descoberto no Senado e tem ameaçada sua maioria na Câmara Federal.

Como o ministro Tarso Genro, além de desagradar Sarney, tem criado problemas para o Governo (com a idéia da revisão da Lei da Anistia) e atirado em Dilma Rousseff (ele gostaria de ser o candidato oficial à Presidência), abre-se a temporada de apostas: quem será – em breve - o próximo ministro da Justiça?

O PMDB não quer apenas o afastamento de Tarso Genro: quer também controlar a Polícia Federal, seja quem for o ministro da Justiça. Há algum tempo, tinha candidato forte ao Ministério: o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Mas Jobim está em baixa com Lula desde o episódio das maletas (aquelas que, segundo ele, grampeariam telefones). Hoje, o PMDB se contenta com a Federal.

Se Lula demitir Tarso Genro, caem todos os vetos à eleição do petista Tião Viana para a Presidência do Senado. Se não demitir, Sarney sai candidato contra Viana e ganha a eleição. Na Câmara, a situação é mais complicada: Michel Temer, do PMDB, tem promessa por escrito do PT de que irá apoiá-lo, mas pode perder para Cyro Nogueira, do PP, herdeiro político de Severino Cavalcanti – lembra dele? Aquele que renunciou por cobrar propina do dono do restaurante.

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