quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Quando o juiz quase perdeu a calma

Do sitio do Côrrea Neto

Escrevi para um integrante da oposição no Amapá, hoje vivendo fora daqui. Contei sobre as dificuldades que as lideranças que ficaram aqui enfrentam, bloqueadas, cercadas e atacadas por todos os lados pela mídia que o poder público paga regiamente. As vozes da oposição não se fazem ouvir, salvo quando os pagamentos das gordas faturas atrasam e um ou outro decide abrir espaço, ainda que controlado, apenas para lembrar ao poder que existe uma fatura pendente, chantagem quase explícita, meio camuflada, mas que funciona por causa do tamanho do rabo preso que eles têm.
Pior é que não existe uma procura real de alternativas para romper o cerco, porque a esquerda brasileira não é solidária nem no câncer, copiei parte de uma frase, se não me engano do Otto Lara Rezende, que se ajusta perfeitamente ao descrito. Apesar disso, a vontade popular de reagir é enorme.
A recente eleição que a oposição ganhou e o governo comprou, é um claro exemplo disso. Alguns sites e blogs da Internet e alguns outros meios não controlados pelo poder. ganharam de uma máquina de comunicação paga para mentir. E só conseguiram 51.66% dos votos válidos. Imaginemos se essa maquineta fosse mantida, aperfeiçoada e quem sabe ampliada. Contei isso tudo para a pessoa e recebi como resposta:
- “Corrêa, Você tem razão. Vou ver o que dá para fazer”.
Caramba. Era um grito de socorro, em nome de quem tem condições de brigar para que as informações cheguem em quantidade e qualidade à sociedade, porque, se isso acontecer, essa quadrilha que agride a dignidade do povo amapaense será varrida do controle do estado. Não é para jornalista ficar rico. Quem quiser ficar, basta ligar o telefone e se dizer disposto a fazer parte do esquema. Em meia hora mandam um gutembergue qualquer para fechar o “negócio”. O poder está cercado e os diques podem romper a qualquer momento. Há uma reação muito forte até em lugares menos esperados. Falta apenas mais um esforço.
Semana passada um magistrado confessou para um amigo:
- “Não conhecia o tamanho da miséria que esta cidade esconde. Desci numa baixada onde um grupo comprava votos em troca de cestas básicas. Perguntei a uma mulher quem estava mandando comprar os votos, ela relutou um pouco, mas disse o nome de uma outra mulher. Senti uma enorme revolta, pedi a um dos soldados que nos acompanhavam que ficasse alí, e me afastei um pouco para controlar a emoção. Eu tinha sentido vontade de dar um soco na cara daquela mulher”.
Esse mesmo magistrado, diante do quadro de miséria e da humilhação, configurada na exploração dessas pessoas por políticos inescrupulosos, sugeriu a criação de uma organização não governamental e não partidária, para resgatar parte da dívida social que todos nós temos com elas.
Esse é o quadro que precisa ser mudado, independente de eleições. E só vai ser quando o egoísmo for superado e a solidariedade florescer.

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