segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Quem manda na Federal

Carlos Brickmann

A grande disputa no Governo, hoje, é saber quem vai mandar na Polícia Federal. Existem várias alas, que se enfrentam (só a Operação Satiagraha está rendendo três inquéritos, o do delegado Protógenes, o do delegado Ricardo Saadi e a do delegado Amaro Vieira, que investiga a investigação do delegado Protógenes); e dizem até que uma outra ala obedece mais a orientação do governador paulista José Serra, que é tucano e de oposição, do que ao próprio Governo. Há alas que trabalham ostensivamente contra pessoas próximas ao presidente Lula: aquela, por exemplo, que tentou imputar a Vavá Dois Pau (irmão do presidente, autor da clássica frase “arruma dois pau pra eu”) a prática de advocacia administrativa; e a que tenta constranger o ex-presidente José Sarney, aliado preferencial do Planalto, atingindo as empresas de sua família e investigando seu filho Fernando.

É aí que reside a disputa: Sarney, falando também em nome de seu partido, o PMDB, essencial para que Lula tenha maioria no Congresso, exige o comando da Polícia Federal. Nem precisa ser o Ministério da Justiça inteiro (se bem que o partido adoraria recebê-lo). A Polícia Federal satisfaria o apetite do PMDB.

Para o PMDB, comando significa comando. Pode até haver crises, mas o objetivo do partido é ter uma Polícia Federal sem alas conflitantes. Se alguém quiser pensar diferente, sem problemas; o que não pode é agir. Significa também que a amplitude de ação dada hoje aos federais será um pouco limitada. Investigar os outros, OK; mas que deixe família e amigos de Lula e o PMDB de fora.

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